terça-feira, 31 de março de 2009

Linha 11


Acima, um dos mais belos poemas de Nicanor Parra.

A prosa de Roberto Bolaño justifica tanto barulho em torno do seu nome. Seu trabalho (que é, acima de tudo, poético) embaralha todos os tipos de categorias e instâncias da narrativa — para, dessa confusão, construir um texto de estrutura original e preciosa. Curioso, no entanto, é que esse aspecto formal tão rico não induz nenhuma perda na qualidade vital dos romances. É como em Joyce, em Rosa, em Proust. Cada livro de Bolaño é uma prova contundente de como gritam em vão (e a partir da ignorância ou da má fé) todos os detratores da poética, da teoria literária — esses leitores, cheios de idéias e princípios primários, acreditam que questões formais implicam esterilidade.

Roberto Bolaño, essencialmente poeta, escreveu estes versos — que se encontram no segundo dos seus "Siete Poemas Breves", algumas das minhas peças preferidas de sua produção:

Se ríen los trovadores en el patio de la taberna
La mula de Guiraut de Bornelh El cantar oscuro
y el cantar claro Cuentan que un catalán prodigioso...
La luna... Los claros labios de una niña diciendo en latín
que te ama Todo lejos y presente
No nos publicarán libros ni incluirán muestras
de nuestro arte en sus antologías (Plagiarán
mis versos mientras yo trabajo solo en Europa)
Sombra de viejas destrucciones. La risa de los juglares
desaparecidos La luna en posición creciente
Un giro de 75o en la virtud Que tus palabras te sean fieles